Newsletter ECD #017 - 30/09/2020

Newsletter publicada no dia 30/09. Para recebê-la no dia do lançamento no seu e-mail, inscreva-se (link abaixo)


Olá a todas e todos.


Muito obrigado por se inscreverem na nossa newsletter semanal. Essa é a #017. Se quiserem passar para os amigos, o link para preenchimento do formulário de inscrição é: https://forms.gle/bQLz561Y2kqUfnhdA. As Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br) caso alguém queira lê-las. 

A semana que passou foi ainda mais corrida, que a anterior, mas igualmente interessante. Segunda, terça e quinta tivemos a 2ª e última parte do curso de Investigação da parceria SENAC/AESAS. Foi muito rico poder trocar ideias e conceitos com pessoas de consultorias, órgãos ambientais e responsáveis legais de SP, RJ, PR, RS, PE e MG!!!! E foi ainda melhor estar na companhia ilustre de Rodrigo Cunha, Cristina Maluf, Atila Pessoa e Julio Vilar!!! As mensagens que recebemos dos alunos são muito positivas, o que nos motiva cada vez mais!!!! Quarta, quinta e sexta ministrei e/ou participei das aulas do curso sobre Investigação para a CPRH de Pernambuco, coordenado pelo meu amigo Paulo Negrão e com a participação minha, do Rodrigo Cunha e do Valter Leite. Também é muito gratificante ver crescer no órgão ambiental a paixão pelo nosso tema de estudo!!!! E sábado, como sempre, as aulas dos cursos de Pós-Graduação do SENAC. No meio disso, muita conversa com os amigos da área, propostas, consultorias, etc... E vamos seguindo em frente!!!!

As aulas no SENAC aos sábados para mim são riquíssimas, acompanho praticamente todas em tempo real, uma das grandes maravilhas do ensino à distância. Nesse sábado, dois temas novamente me chamaram a atenção e gostaria de compartilhar algumas ideias com vocês

Um deles é sobre Remediação Termal. Um dos fatores limitantes é a possibilidade de condensação dos voláteis em camadas de solo que não estão aquecidas, pois o solo aquecido é onde está a maior massa, na fonte secundária, muitas vezes em profundidades relativamente altas e quase sempre na zona saturada. Pois bem, esses vapores liberados em decorrência do aquecimento podem se condensar em camadas superficiais mais frias, mas isso me fez pensar no que acontece nas camadas superficiais de argila, que devem existir ao longo do perfil, certo? Se a massa é aquecida e o vapor é liberado, o SVE consegue captar todos os vapores? Mesmo em camadas argilosas? Ou há algum tipo de migração de vapores para "fora" do SVE, ou ainda há nova condensação desses vapores? Levanto essa questão para dizer algumas conclusões: 1. Não existe pedra filosofal, que resolva tudo em toda a situação; 2. Mesmo usando Termal, uma técnica de remediação agressiva, comprovadamente eficiente, com muita tecnologia embarcada, é fundamental investigar bem para conhecer o meio físico em detalhe, portanto, não isentando o Responsável Técnico de ter que fazer uma boa investigação

Outro tema está relacionado à questão da concentração de SQIs obtidas em amostras de solo. Convencionou-se no mercado chamar isso de fase retida, e muitas vezes são elaboradas isolinhas de concentração de "fase retida". No entanto, algumas vezes a SQI está adsorvida no solo e muitas vezes está em fase residual, ou imobilizada por outro processo, mas, em qualquer situação, essa é uma massa imobilizada. Essa massa imobilizada pode estar na zona não saturada, como sempre se achou aqui no Brasil, tanto que as amostragens de solo ainda teimam em ser feitas somente "até a franja capilar", mas é muito grande a chance dessa massa imobilizada estar na zona saturada, mesmo se for LNAPL. Já falamos muitas vezes, em muitos fóruns de discussão que a ciência já concluiu que o LNAPL depende da sua saturação e que não existe o pancake model, portanto, há muito LNAPL residual "trapeado", ou seja, imobilizado nas zonas de armazenamento na zona saturada. Assim, recomendo que seja utilizado o termo "massa imóvel" para se referir à massa de SQI ligada ao solo, por ser muito difícil (e com pouco resultado prático) diferenciar o que é residual, o que é adsorvido, o que é "retido". Poderia se utilizar "massa retida" para se referir ao que chamo de massa imóvel? Penso que sim, porém, seria fundamental uma educação do mercado para que todos saibam que essa massa (retida ou imóvel) está em grande parte na zona saturada.

Falando em investigação e amostragem de solo, o Episódio #022 do Podcast foi uma entrevista muito legal com a Geóloga Tatiana Sitolini. Falamos sobre Geologia, Meio Ambiente, o curso de MBA da USP e sobre o belo trabalho dela sobre Investigação de Alta Resolução. Ouçam!!!

Dentro das referências sobre investigação, gostaria de fazer uma discussão trazendo para vocês um artigo recomendado pelo meu amigo e professor Mateus Simonato. Eu chamo essa reflexão de "Crítica à Hidrogeologia Pura". Penso que a "Hidrogeologia Pura" trabalha em escalas muito diferentes do que nós, no GAC, estudamos. Isso leva a simplificações que frequentemente induzem os estudos a modelos conceituais equivocados. Como exemplo, os ensaios slug test/bail test preveem que os poços são totalmente penetrantes e estão em um aquífero homogêneo, isotrópico e infinito, e isso não existe na nossa escala. Além disso, poços frequentemente transpassam várias camadas, por isso não representam nenhuma, inviabilizando os slug tests. Nós, no GAC, estudamos unidades hidroestratigráficas pequenas, que têm uma dinâmica própria no aquífero, como muitos autores mostraram (para citar dois, Guilbeault et al., 2005; e o livro Remediation Engineering, 2a edição, de 2017). Mas em quase todos os estudos, consideramos que a descarga daquelas UHs é no corpo d'água mais próximo. Ora, se nenhuma propriedade da "Hidrogeologia Pura" se aplica aos nossos estudos, por que só a descarga funcionaria? Pois o artigo de Conant Jr et al. (2004) explica que é necessário estudar em escala apropriada para se entender a descarga de massa em corpos d'água, ou seja, não há uma descarga "bonita" de todas as UH no corpo d'água. Alguma surpresa? Leiam o artigo: 

Nessa semana entraram novos amigos e amigas na nossa Newsletter. Um salve para eles: Daniel, Patricia e Victor. Bem-Vindos!!!!


Vamos agora às principais notícias e dicas da semana:


1. O Episódio #022 do Podcast, como eu disse acima foi uma entrevista com a Tatiana Sitolini. Ela fala da Geologia e Meio Ambiente, contando a sua história e a sua paixão por esses temas, sobre sua experiência no Programa Ciência sem Fronteiras, o seu início e caminhada no GAC, muitos detalhes legais sobre o curso de MBA da USP (recomendo esse curso!!!) e sobre a construção do seu trabalho de conclusão, onde discorre muito bem sobre investigação de alta resolução. O programa também marcou a estreia de Lillian Koreyasu Riyis na Edição "pesada" do Podcast. Obrigado e Bem-Vinda, Lillian!!!!!

Perfil da Tatiana no Linkedin: https://www.linkedin.com/in/tatiana-sitolini/ 



2. Nessa quinta, 01/10, o episódio será com Camila Guarany, Microbiologista e Cofundadora do Projeto Direito Ambiental Descomplicado (DAD). Vejam o perfil dela no Linkedin: https://www.linkedin.com/in/camila-guarany/ . Vejam o Canal do DAD: https://www.youtube.com/channel/UCHb9TM5fyBMnQR-PXuOFZCw . Tive uma participação especial no canal lá em abril: https://www.youtube.com/watch?v=tVRv1yEnQzo 

3. Estão abertas as inscrições para um curso online ao vivo da parceria SENAC/AESAS, sobre Avaliação Preliminar. É um curso excelente, para quem trabalha com isso é muito importante. Informações e inscrições no site: https://www.soldiambiental.com.br/so/6eNHqcHgl

4. Também estão abertas as inscrições para o Encontro Técnico, gratuito e online sobre Contaminantes Emergentes dia 30/09, mais uma realização da parceria SENAC/AESAS . É um tema que está crescendo muito no Brasil, vale a pena acompanhar: https://register.gotowebinar.com/register/8870077370398934796


6. Dica de Saul Montoya: 8 tutoriais para modelagem de fluxo e transporte no Modflow e MT3D. Para quem é entusiasta da modelagem, vale a pena : https://www.hatarilabs.com/ih-en/x-tutorials-of-contaminant-transport-modeling-in-modflow-and-mt3dms-mt3d 

7. Para os que precisam escrever textos acadêmicos, ou mesmo relatórios, em inglês, uma bela aula gratuita: https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=QXkN6vkzWT8&feature=emb_logo

8. Texto em linguagem simples de cientistas renomados que relacionam aquecimento global e incêndios nos EUA: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/para-onde-o-mundo-vai/2020/09/20/como-o-aquecimento-global-esta-causando-as-queimadas-nos-eua.htm

9. Mais um texto muito legal do Victor no Linkedin. Embora feito para mineração, tem tudo a ver com as nossas amostragens. Recomendo novamente que acompanhem as postagens dele, em particular as que falam de QA/QC : https://www.linkedin.com/posts/victor-miguel-silva-45558656_mineraaexaeto-geoestataedstica-activity-6714207516840083456-qU8q/

10. Derretimento do permafrost causando coisas impressionantes e inacreditáveis: https://twitter.com/SpaceToday1/status/1308394249042395136?s=08

11. Lembram da notícia da onça pintada sofrendo com o incêndio no Pantanal brasileiro? Aqui uma notícia sobre tratamento: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2020/09/23/onca-pintada-ferida-em-incendios-no-pantanal-e-tratada-com-celulas-tronco.htm

12. Recomendo o Canal da Juliana Pessin, com aulas muito interessantes sobre Mecânica dos Solos. Muitas vezes falta um entendimento dos profissionais do GAC sobre esses conceitos e ensaios, esse canal é bem legal: https://www.youtube.com/channel/UCzVY8NinSp-PyJZYnPBvHCw

13. Resenha muito boa sobre o filme Dark Waters!!!!! Leiam e assistam!!! Depois me contem o que acharam: https://www.folhacg.com.br/na-poltrona-do-cinema-com-pedroka/dark-waters-o-lucro-importa-mais-que-a-vida/

14. Já falei sobre isso anteriormente, mas não custa relembrar: esse ano a EPA revisou os Regional Screening Levels. Consultem aqui: https://www.epa.gov/risk/regional-screening-levels-rsls-generic-tables

15. Meu amigo Marco Pede fez uma postagem falando muito bem sobre um equipamento nacional muito importante, relevante e útil para os trabalhos de investigação de áreas contaminadas, o Winslug. Leiam e conheçam o equipamento: https://www.linkedin.com/posts/marco-aurelio-pede-57994320_hrsc-hydrogeology-groundwater-activity-6715576381494882304-W6xd/

16. Para finalizar, uma reflexão a partir desses três links:
O primeiro fala do aumento enorme (27,6%) do desemprego nos meses de pandemia. O segundo fala do crescimento muito acentuado da fortuna de 33 indivíduos brasileiros nos últimos 12 meses, perfazendo um total de 238 bilionários no país. Certamente a crise econômica não é equitativa ou proporcional para todos, quem tem mais acaba se beneficiando em qualquer situação, mesmo em uma crise como essa. Os mais vulneráveis são, como sempre,  atingidos desproporcionalmente por todas as crises que assolam o país (e o mundo), seja econômica, ambiental, sanitária ou qualquer outra que se apresente. O terceiro texto é um artigo que evidencia ainda mais essa desigualdade quando se trata da COVID-19. Nas mensagens 3 e 4 do artigo pode ser visto claramente como a prevalência do SARS-CoV2 é desproporcional levando-se em conta raça e condição econômica. Trazendo para a nossa área, estamos cuidando para que os mais vulneráveis sejam protegidos dos riscos à saúde humana?



Por hoje é isso. Aguardo os comentários, sugestões e críticas.


Se alguém não quiser mais receber as minhas mensagens, é só responder esse e-mail com o texto REMOVER


Mais uma vez obrigado pela atenção e até a semana que vem


 


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