Newsletter ECD #018 - 04/10/20

Olá pessoal. Abaixo segue a Newsletter publicada na semana passada (04/10/2020). Para recebê-la no seu e-mail , inscreva-se no link abaixo. Obrigado

https://forms.gle/bQLz561Y2kqUfnhdA


Olá a todas e todos.


Muito obrigado por se inscreverem na nossa newsletter semanal. Essa é a #018. Se quiserem passar para os amigos, o link para preenchimento do formulário de inscrição é: https://forms.gle/bQLz561Y2kqUfnhdA. As Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br) . 

A semana que passou foi bem legal aqui na ECD. Editamos e gravamos alguns episódios do podcast (com a ajuda fundamental de Lillian Koreyasu Riyis), finalizamos o curso de Investigação de Áreas Contaminadas para o CPRH de Pernambuco (fiz parte do corpo docente junto com os gigantes Rodrigo Cunha, Paulo Negrão e Valter Leite), encaminhamos alguns projetos na parceria SENAC/AESAS (um deles eu já posso contar, um curso online em novembro sobre Atenuação Natural Monitorada, aguardem!!!!), e estou ajudando uns amigos de uma consultoria a programar a investigação de uma área de um cliente deles. Tem sido beeeem legal discutir e implementar algumas ideias diferentes de investigação que estão dando resultados muito bons. Em breve falaremos sobre isso também. Enfim, corrido, mas muito interessante. Continuo acompanhando as aulas online dos cursos de Pós do SENAC, estou aprendo muito e cada vez mais. Muitas vezes ouço duas aulas ao mesmo tempo, então é aprendizado em dobro!!!!! Também lançamos o Episódio #023 do Podcast Áreas Contaminadas, com a Camila Guarany do Projeto Direito Ambiental Descomplicado. Foi uma conversa muito legal!!! Ouçam lá : https://youtu.be/rUaGrfdsFho 

Falando sobre o episódio, gostaria de retomar e complementar as discussões que iniciei lá, na Introdução (para mais detalhes, repito, ouça o episódio: http://www.ecdambiental.com.br/2020/10/podcast-areas-contaminadas-episodio-023.html ). 

Iniciando pelo primeiro assunto da Introdução, eu falo sobre o documentário "O Dilema das Redes", que basicamente explica como as grandes empresas de Internet lucram com os nossos dados e como elas fabricam algoritmos que se autocorrigem para maximizar a sua eficiência e os lucros. Nós, em troca do "uso gratuito" das redes e da dose de dopamina que elas nos dão, fornecemos de bom grado nossos dados comportamentais para eles venderem para os anunciantes, que nos oferecem produtos que nós nem sabíamos que queríamos. E aí, esses algoritmos são usados e manipulados pelos "produtores de conteúdo", que ganham mais dinheiro por cliques. Todo esse ecossistema percebeu que posts polêmicos, radicalismos, preconceito, discurso de ódio, teorias da conspiração, negacionismo e fake news geram muito mais "engajamento", portanto, mais lucro.
Relaciono o documentário com um livro excelente, chamado "Engenheiros do Caos" (vejam esses dois artigos sobre o livro: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/artigos/reginaldo-correa-de-moraes/engenharia-do-caos-e-essa-nova-politica e http://www.comciencia.br/os-engenheiros-do-caos/; leia a introdução aqui: https://drive.google.com/file/d/1AYNuaBSBk3TRI2NC_jI1VRs8m5hTxa9j/view?usp=sharing ). O livro fala basicamente de como "gurus políticos" usam os mesmos algoritmos e a mesma lógica com finalidade de impor um modo de pensar, arregimentando um exército de seguidores fieis e de replicadores de polêmica para impor uma visão de mundo e uma lógica narrativa preconceituosa, negacionista, extremista, baseada em ódio e fake news. Para quem assistiu Black Mirror, o livro fala bastante sobre o episódio do Waldo (https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Waldo_Moment). Ainda é possível vir para mais perto da gente e relacionar isso com o livro da Patricia Campos Mello "A Máquina do Ódio". Embora com várias ressalvas a muitas coisas que ela escreve, dá para ver e se indignar muito com o uso desses algoritmos, redes e Engenheiros do Caos para massacrar uma pessoa. Ainda nesse tema, iniciado pelo Dilema das Redes, passando pelos outros livros e nos remetendo a esse podcast da Camila e aos podcasts com o Atila e com o Calvin, chegando mais perto do nosso dia-a-dia, esses links abaixo nos fazem pensar como estamos sendo submetidos a uma visão de mundo preconceituosa e, dá pra dizer, racista. Mas somos preconceituosos e alimentamos os algoritmos com nosso preconceito ou os algoritmos estão nos impondo uma narrativa que nos torna preconceituosos? Vejam, por exemplo os links:
https://twitter.com/tarciziosilva/status/1307503857245790215?s=08 . Nessa thread dá para ver como o algoritmo do Twitter dá uma visão distorcida do negro;


O segundo assunto ligado ao podcast com a Camila é o LNAPL (fase líquida imiscível menos densa que a água, chamada aqui no Brasil também de "fase livre"). Nas minhas aulas, falo bastante sobre o erro decorrente da investigação de LNAPL com poços de monitoramento, uma vez que o pancake model não existe. O LNAPL não flutua sobre a água como faria em um copo, pois o meio subterrâneo é formado por poros como já falei várias vezes http://www.ecdambiental.com.br/2016/06/lnapl-capilaridade-criancas-e-o-manual.html e porque ocorre um fenômeno chamado "trapeamento", ou seja, o LNAPL fica imobilizado nas zonas de armazenamento (argilas) da zona saturada, não sendo detectado pelos poços de monitoramento (falsos negativos, portanto). O trapeamento e a saturação do LNAPL causam falsos negativos nos poços, tornando a remediação uma dor de cabeça terrível, um vai-e-vem sem fim e pior, reabilitações que não deveriam ocorrer, por conta da métrica equivocada (fase livre nos poços).
Sobre o trapeamento, aproveito para indicar um artigo recém publicado pelo grupo de pesquisadores do LEBAC (https://link.springer.com/article/10.1007/s12665-020-09182-1 ).
Por outro lado, esse novo pensamento, de investigação do LNAPL sem poços, usando LIF, OIP ou amostragem de solo, aliado aos protocolos de transmissividade do LNAPL da API (https://www.api.org/~/media/4762%20LNAPL%20Tn%20wkbk%20Baildown%20userguide%20Apr2016%20(2).pdf) indicam que, mesmo com a existência do LNAPL imóvel ou ainda que ele tenha mobilidade e saturação suficiente para migrar para o poço de monitoramento, é bem possível que ele não tenha transmissividade, portanto, não seja recuperável, tornando a remediação tecnicamente inviável, mas com a vantagem de ser um LNAPL "imóvel", consequentemente não apresentar risco à saúde humana e permitir um gerenciamento da área sem a necessidade de remediação. Nesse caso, a fase livre no poço seria um "falso positivo"
A Camila propõe, em seu TCC, o uso de um protocolo da EPA da Califórnia que vai mais ou menos nessa direção, ao dizer que alguns casos de baixo risco podem ser encerrados, ainda que com concentrações na água subterrânea acima dos limites de potabilidade e com LNAPL nos poços, desde que observados alguns critérios. Isso, em tese, poderia ser feito porque há evidências  que ocorreria a degradação natural dos hidrocarbonetos de petróleo. O protocolo estudado pela Camila é o 2016-012 (https://www.waterboards.ca.gov/ust/lt_cls_plcy.html ), e ela propõe que seja adotado no Brasil. Uma das linhas de evidências do baixo risco é que o vapor sofre degradação aeróbia na zona não saturada e não causa risco de intrusão, dentro de certos parâmetros. Isso pode ser observado também no documento do ITRC de PVI (Petroleum Vapor Intrusion). Baixem a apresentação do Webinar gratuito aqui e vejam que interessante: https://clu-in.org/conf/itrc/PVI/
Ou seja, a Camila, a EPA da Califórnia, a API e o ITRC estão dizendo que uma área contaminada com hidrocarbonetos, se estiver dentro de certas condições, não apresenta risco e o caso pode ser encerrado. Mas não encerrado e tchau. É preciso, obviamente, continuar monitorando a área. Eles sugerem somente que não é necessária uma intervenção como uma medida de remediação. Em contrapartida, para colocar alguma incerteza nas evidências de degradação, Juliana Freitas publicou recentemente um artigo que fala sobrea a influência (negativa) do etanol, que torna a degradação dos hidrocarbonetos mais difícil. Além disso, o artigo fala da provável formação de metano como subproduto da degradação dos hidrocarbonetos e do próprio etanol, tornando necessário o monitoramento do metano nesses casos. Baixem o artigo da Juliana aqui: https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/29925/19325 .
Nada é tão fácil, não é mesmo?


Nessa semana entraram novos amigos e amigas na nossa Newsletter. Um salve para eles: Gregório, Tainá e Eliana. Bem-Vindos!!!!

Recebi também uma mensagem muito legal de uma garota que é estagiária em uma consultoria de GAC. Ela me contou que os vídeos do Canal da ECD Training no Youtube (www.youtube.com/c/ecdtraining) a ajudaram muito no estágio, pois o GAC ainda não é tratado com atenção nas graduações de modo geral, então, ela precisou pesquisar e achou o nosso canal. Fico feliz em poder contribuir, com ela, com a empresa que ela está estagiando e com todo o mercado!!!! 


Vamos agora às principais notícias e dicas da semana:


1. O Episódio #023 do Podcast, como eu disse acima foi uma entrevista com a Camila Guarany, editado por Lillian Koreyasu Riyis. Camila fala da sua trajetória pessoal e profissional, de microbiologista a concurseira, depois sua vida fora da empresa de petróleo até chegar no projeto atual, o "Direito Ambiental Descomplicado". Fala de perrengues e casos muito bons que ela acompanhou na sua vida profissional e comenta bastante sobre seu  muito bem feito TCC do curso de MBA (e futuro artigo) que se baseia na possibilidade de encerramento de casos de áreas contaminadas por hidrocarbonetos de petróleo com baixo risco
Perfil da Camila no Linkedin: https://www.linkedin.com/in/camila-guarany/

Podcast:


2. Nessa quinta, 08/10, o episódio será muito especial. O entrevistado é ninguém menos que o Coração e Alma da ECD, Charles Oliveira de Jesus. São muitas as histórias e uma trajetória muito especial desse lutador, guerreiro e gênio da sondagem chamado Charles. Quem já teve a oportunidade de trabalhar em campo com ele sabe muito bem o capricho e dedicação dele. Imperdível!!!!!


4. Dica muito boa de Julio Vilar: documento do CL:AIRE que é um guia para tomada de decisão sobre áreas contaminadas utilizando estatística. Vale muito a leitura: https://www.claire.co.uk/home/news/1374-new-cl-aire-publication-guidance-on-applying-statistics-to-land-contamination-decision-making

5. Nesse mesmo tema, um artigo do Victor e do Professor João Felipe sobre correlações complexas de dados multivariados. Tá bom, concordo que é algo difícil, mas o princípio é muito importante, vejam a chamada do artigo e digam se não concordam comigo: https://www.linkedin.com/posts/victor-miguel-silva-45558656_pdf-sampling-error-correlated-among-observations-activity-6716436746734751744-hXoa/

6. Webinar Gratuito do ITRC dia 08/10 sobre Gerenciamento de Áreas Complexas. Material já disponível em: https://clu-in.org/conf/itrc/rmcs/

7. Sempre é bom relembrar esses dois documentos: Um sobre investigação de áreas contaminadas com DNAPL (https://idss-2.itrcweb.org/) outro sobre Avaliação de Risco para TPH (https://tphrisk-1.itrcweb.org/)

8. Só pra não sair do ITRC, documento sobre PFAS https://pfas-1.itrcweb.org/

9. Postagem muito legal que vai ajudar nas descrições de solo em campo. Será que dá pra levar isso com a gente? : https://www.linkedin.com/posts/civilengineeringdiscoveries_grains-size-scale-the-unified-soil-classification-activity-6715618800798060544-9lFn/ 

10. Texto muito bacana do Leandro Oliveira sobre Intraempreendedorismo. Não sabe o que é, leia lá e de quebra, entenda mais sobre futebol americano : https://www.linkedin.com/pulse/intraempreendedorismo-bola-da-vez-uma-analogia-ao-futebol-oliveira/?trackingId=V4uf2L47QGqK7%2F6BJLv1lg%3D%3D

11. Mais uma dica muito valiosa do Julio Vilar e do Atila Pessoa: Artigo falando da importância crucial da Geologia para Remediações de Áreas Contaminadas. Os geólogos vão dominar o mundo (das áreas contaminadas)? https://blog.burnsmcd.com/geologic-model-establishing-a-foundation-for-remediation-success?utm_campaign=ENS_Remediation&utm_source=ENS_GeologicModelPROGRESS_Elevate_Blog-GeologicModelEstablishingFoundationforRemediationSuccess_17657

12. Notícia econômica, que nos impacta de várias formas: home office veio pra ficar? Aluguéis mais baratos? Menos empreendimentos imobiliários? https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/26/mercado-imobiliario-escritorios-pandemia.htm

13. Sugestão de Guilherme Varella, um vídeo com algumas apresentações do Remtech, falando de HRSC: https://www.youtube.com/watch?v=XWVzu22vJIA&feature=youtu.be

14. Gostaria de recomendar mais dois canais no Youtube:
- Um deles, do Felipe Prenholato, fala sobre vários segmentos de atuação na área ambiental e dá dicas muito boas: https://www.youtube.com/channel/UCt2UjqzJG1J1Aj4rtIhCxIg
- Outro é da Denise Oliveira Lima, com excelentes dicas sobre Georreferenciamento e uso do QGIS no GAC: https://www.youtube.com/channel/UCTrAY1qrTS7gwIxKjnsSB1A

15. Trazendo de volta o tema injustiça ambiental, esse link mostra o quão desigual são os efeitos da COVID-19 no Brasil. É impressionante: https://twitter.com/oatila/status/1309536657130098689/photo/1



Por hoje é isso. Aguardo os comentários, sugestões e críticas.


Se alguém não quiser mais receber as minhas mensagens, é só responder esse e-mail com o texto REMOVER


Mais uma vez obrigado pela atenção e até a semana que vem


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